Sindicato e opção partidária

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14 de janeiro de 2016

2102845_medeiros2Muitos amigos, conhecidos ou que me reconhecem nas ruas ou redes sociais, por minhas origens na luta sindical, têm perguntado qual o grande desafio dos trabalhadores para enfrentar essa difícil quadra pela qual passa o Brasil hoje.
No plano político e institucional reafirmo claramente minha posição contrária ao impeachment, que visa abreviar o mandato da presidente e até mesmo os outros expedientes de ocasião que tentam levar no embrulho, além de Dilma, também seu vice Michel Temer. E uma das principais razões é aquela que grandes juristas e personalidades fundamentam e com quem eu me alinho: cadê o crime?

O bom senso pergunta, e os lideres da oposição não têm respostas minimamente convincentes, tudo é casuísmo, tudo é tentativa de atalho. E não conseguem nada provar, porque o que está em marcha é uma manobra parlamentar de Eduardo Cunha, introduzida de forma leviana, na busca desesperada de que se junte gente do bem, mas iludidas, com gatos e sapatos, não pensando no melhor para os brasileiros, não discutindo e propondo projetos que possam minorar os atuais dilemas do País: o desemprego, a carestia, a desindustrialização, o enfrentamento da crise econômica com medidas positivas para trabalhadores, empregadores, aposentados, para toda a sociedade. O que querem é antecipar de forma arbitrária o calendário eleitoral de 2018, quando tudo poderá normalmente ser passado a limpo, pelo voto de milhões e milhões de brasileiros. Essa é a vocação e a posição dos que não se embalam em abortos institucionais, demagogias e aventuras, porque sabem ou viveram na pele os anos de desmandos da ditadura.

Aos amigos e companheiros sindicalistas quero aqui também me posicionar sobre uma questão tão cara para o nosso movimento. Não falo como militante partidário, mas como quem se fez liderança nacional, saindo de dentro da fábrica, como metalúrgico, com muita luta na resistência democrática. Falo como fundador e primeiro presidente da Força Sindical – o que muito me orgulha. E para os nossos companheiros quero dizer em alto e bom som: o nosso legado sempre foi e deve continuar sendo o da defesa radical dos interesses do conjunto dos trabalhadores. Ninguém pode visar à partidarização de nossa entidade. Isso nos levaria imediatamente à desunião e ao enfraquecimento. Ninguém, nem em eu, nem Paulinho que me sucedeu, nem Miguel Torres, nosso atual presidente, a quem publicamente reconheço e elogio por sua postura equilibrada, e sempre enérgica quando preciso. Como presidente da central Torres tem se mostrado um competente e incansável construtor de propostas realistas para o enfrentamento da crise.

A opinião pública muitas vezes é confundida, mas deve saber que, desde a fundação, a Força Sindical é pluralista e sempre teve companheiros e lideranças das mais variadas tendências políticas e partidárias. A luta eficaz do militante sindical é por resultados, por conquistar melhores condições de vida para o trabalhador e sua família. A luta do cidadão-sindical, essa sim, deve ser vinculada à opção partidária que mais o identifique na luta em defesa dos avanços políticos, do aprofundamento da democracia, do desenvolvimento nacional e por um país moderno que tanto almejamos. Esse sempre foi o legado, desde a nossa fundação.

Vamos deixar diferenças menores de lado e, unidos, lutar para que possamos contribuir com propostas para minorar os principais problemas dos trabalhadores e suas famílias. Afinal, em primeiro lugar o Brasil que queremos é o da retomada do crescimento econômico e do avanço constante das conquistas democráticas.

Luiz Antônio de Medeiros, fundador e primeiro presidente da Força Sindical, deputado federal por dois mandatos, foi Secretário de Relações do Trabalho do MTE, Superintendente da DRT/SP, é atualmente Secretário das Administrações Regionais de São Paulo e dirigente estadual.

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