Rio enfrenta dia sem trens

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22 de janeiro de 2014

Rio enfrenta dia sem trensOs trabalhadores ficaram sem trens para chegar ao Centro do Rio de Janeiro durante todo o dia de hoje (22 de janeiro), depois que um trem da Supervia descarrilou, entre as estações de São Cristóvão e Maracanã, por volta das 5h. A composição, que seguia da Central do Brasil (Rio) para Saracuruna (Duque de Caxias), atingiu a rede aérea e, com isso, parte da estrutura que sustenta a fiação caiu. Por conta do acidente, os trens ficaram impedidos de chegar à Central do Brasil e todos os ramais em direção ao Centro do Rio foram prejudicados. A previsão da concessionária é que o serviço seja reestabelecido parcialmente a partir de 17h.

O secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, que visitou o local do acidente nesta manhã e teve seu esquema de segurança redobrado para não sofrer represálias por parte da população, disse que depois de apurada as causas do acidente, a SuperVia será penalizada, possivelmente com multa. Júlio Lopes admitiu problemas nas restituições das passagens e explicou que não havia um plano de contingência que atendesse à paralisação do sistema, sugerindo que os passageiros deveriam voltar para suas casas.

Mas, temendo desconto em seus salários, a maioria dos trabalhadores enfrentou metrô e ônibus lotados para tentar prosseguir a viagem. Muitos seguiram a pé, pelos trilhos, para chegar ao Centro do Rio. Pelas redes sociais, os usuários se queixaram que os guichês na Central do Brasil estavam fechados, o que impediu a restituição das passagens ou mesmo a retirada de uma declaração da Supervia, que justificasse o atraso ou a falta ao trabalho.

Para o advogado da Força Sindical RJ, João Nery Campanário, embora o desconto em folha por atraso ou falta seja indevido, já que o problema é de ordem pública, a Supervia tinha o dever moral e legal de fornecer comprovantes aos usuários que os requisitassem. “É um desrespeito se omitir e não atender ao trabalhador”, ressaltou Campanário.

Sem Título-1O presidente da Força RJ, Francisco Dal Prá, por sua vez, considerou inadmissível a Supervia e o governo estadual não terem um plano de contingência para atender a massa que depende do transporte ferroviário para chegar ao trabalho, em situações como a de hoje. Os trens da SuperVia transportam, em média, 600 mil passageiros por dia útil. “Mais uma vez, a privatização se mostra ineficiente quando pensamos no bem público. Por isso, a Força Sindical reivindica um transporte público de qualidade para atender a população do Rio de Janeiro. Não só a Supervia, mas o governo do estado também tem que ser responsabilizado”, enfatizou Dal Prá.

Em entrevista ao jornal O Globo, o professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) especialista em transportes, Alexandre Rojas, também criticou a falta de planejamento da SuperVia para oferecer um atendimento adequado aos passageiros quando há problemas no serviço. Segundo ele, o sistema da concessionária é antigo e tem a manutenção deficitária, o que demandaria, ao menos, um bom plano de contingência. “A concessionária tem dois problemas: seu trilho ainda é assentado em dormente de madeira, material que racha e envelhece, e seus trens são antigos e não tem a manutenção ideal. O trem que descarrilou hoje tem 30 anos de uso. Os dormentes estão sendo trocados por novos de concreto no trecho da Central até São Cristóvão, para atender ao Maracanã durante a Copa do Mundo. O trecho que apresentou problema fica próximo ao local em obras, onde estão sendo utilizadas bate-estacas. Um dormente que já não é de boa qualidade sob a pressão provocada pelo uso desses equipamentos favorece o desalinhamento dos trilhos”, completou Alexandre Rojas, que acredita que não houve feridos porque os trens trafegam em baixa velocidade no trecho onde houve o acidente.

O secretário Júlio Lopes admitiu que os problemas que rotineiramente são enfrentados pelos usuários dos trens da Supervia só terminam em 2016, quando novos trens entram em operação, em função dos Jogos Olímpicos.

Fonte: Assessoria de Imprensa Força Sindical RJ

Marcelo Peres
Secretaria de Imprensa e Comunicação
Força Sindical do Estado do RJ

 

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