Mais demissões em Campos

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27 de outubro de 2015

SchulzA empresa alemã Shulz, que funcionava há oito anos em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, fechou as portas e demitiu cerca de 200 empregados, conforme informou o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Campos e Região. O presidente do Sindicato, João Paulo Cunha, esclareceu que a indústria, especializada na fabricação de tubos em aço inox, fornecia para diversas empresas do ramo petrolífero, que acabaram envolvidas no escândalo da Operação Lava Jato, crise que gerou diversas demissões em toda região Norte Fluminense.

“A Shulz fornecia para empresas que foram pegas na Lava Jato. Então isso gerou um efeito dominó e fez com que todas demitissem”, esclareceu João Paulo Cunha, também secretário da Força RJ para a Região Norte e Noroeste Fluminense.

Em 2006, após a parceria das empresas alemãs Schulz, EEW GmbH e Heinz Gothe com o governo do estado, foi iniciada a construção da fábrica de tubos com costura em ligas resistentes à corrosão (aço inoxidável e cobre-níquel) para os setores de petróleo, gás natural, naval, petroquímico e siderúrgico. Na época, a Schulz também contou com recursos do Fundo de Desenvolvimento de Campos (Fundecam) e a então governadora do estado, Rosinha Garotinho, hoje prefeita de Campos, lançou a pedra fundamental.

Em 2012, a prefeita Rosinha entregou ao diretor presidente da Schulz America Latina, Marcelo Bueno, o cheque simbólico da devolução dos juros por cumprimento integral do contrato de empréstimo feito pelo Fundecam. Foram devolvidos R$ 3,047 milhões de juros cobrados a 0,5% ao mês e 6% ao ano, referente a dois contratos firmados em governos anteriores, totalizando R$ 22,6 milhões.

A demissão e consequente fechamento da fábrica aconteceu no último dia 20 de outubro, quando funcionários chegaram para trabalhar e foram surpreendidos com o comunicado de aviso prévio.

João Paulo CunhaDe acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campos, antes da crise, o setor metalúrgico empregava cerca de 2.500 trabalhadores e, atualmente, o número caiu para 1.500. Os dados do Sindicado apontam que cinco grandes empresas, contando com a Shulz, realizam demissões em massa desde o início do ano. A IMQ Indústria e DN Indústria, ambas atuando em Quissamã, juntas demitiram cerca de 100 funcionários. Em julho e junho, a Checksolda, fornecedora de estruturas metalúrgicas, que atuava em Campos, demitiu cerca de 100 trabalhadores. Já em São João da Barra, a Integra Off Shore, que atuava no Porto do Açu, construindo módulos de plataforma, demitiu aproximadamente 600 trabalhadores.

“Não temos perspectiva. Porque a gente não vê luz no fim do túnel a curto prazo. E a médio e longo prazo, a gente não sabe. Os melhores empregos estão na indústria, os melhor salários, os melhores benefícios e, infelizmente, as nossas indústrias estão falindo”, lamentou João Paulo Cunha.

Para o líder sindical, a MP 680 (PPE) ou quaisquer medidas que garantam a empregabilidade são positivas, mas não resolvem ou minimizam os efeitos da crise em Campos. “As empresas da categoria metalúrgica em nossa base territorial, em sua grande maioria, se alimentam da cadeia produtiva (de serviços) que gira em torno da Petrobras. Mas a nossa maior empresa estatal se atolou em um poço de lodo podre, de corrupção, que reduziu os investimentos. Até hoje vem vendendo ativos, atrasou pagamentos de fornecedores. Não há demandas de serviços para as nossas empresas, não há pedidos, não tem produção. Disse antes e repito agora: pode ser que, para outro seguimento, o PPE possa ajudar, mas, para nós, não ajuda em nada. Estamos vendo nossa economia naufragar, sem que se tomem medidas efetivas para garantir nossos empregos”, desabafou João Paulo Cunha. 

 

Por Rose Maria, Assessoria de Imprensa.

Fotos:  Sindicato dos Metalúrgicos de Campos.

  

Marcelo Peres
Secretaria de Imprensa e Comunicação
Força Sindical do Estado do RJ

 

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