Em defesa da democracia
15 de junho de 2015
A decisão da Justiça do Trabalho de intervir no Sindicato dos Empregados do Comércio do Rio de Janeiro foi certeira e necessária. Mas ainda aguardamos que essa iniciativa desemboque numa verdadeira faxina naquela entidade, devolvendo-a aos trabalhadores. A Justiça do Trabalho, se quer ver o Sindicato voltado realmente para os comerciários, não pode admitir que aquela Casa continue como está.
O interventor não cumpre o Estatuto, nega acesso aos trabalhadores, sonega informações sobre o processo eleitoral, como local das votações e lista de votantes. Como um Sindicato que representa uma categoria de mais de 50 mil trabalhadores pode ter apenas mil e poucos associados? Não há sindicalização? Não há uma relação de associados? Como assim? A dificuldade é imensa. A quem interessa um Sindicato esvaziado? A Justiça do Trabalho não pode e não deve ser conivente com isso.
Muito me preocupa ver um dirigente sindical, seja interventor ou não, adotar como sistema de gestão práticas antidemocráticas. Por democracia entende-se liberdade de ação, de expressão e de pensamento. Não anarquia.
O Sindicato dos Comerciários do Rio, como qualquer Sindicato de Trabalhadores, deve ser desses trabalhadores, de fato e por direito. Não pode servir a um senhor. O voto é para todos porque só a união dessa categoria, votando e sendo votada livremente, pode resgatar essa entidade do breu onde ela mergulhou (ou foi mergulhada) todos esses anos. Breu da corrupção, do abandono de uma classe, da malversação de verbas e até de propósitos.
A Força Sindical quer participar das próximas eleições sindicais porque quer ajudar a organizar uma entidade que, pelo que vemos, continua desorganizada. Queremos devolvê-la para os trabalhadores. Mais nada!
É inadmissível que um interventor nomeado pela Justiça do Trabalho venha a cercear a democracia e blindar uma entidade representativa de seus representados.
Só o Poder Judiciário, através da Justiça do Trabalho, pode melhorar essa situação inacreditável e restabelecer a ordem democrática, para que haja progresso e o equilíbrio necessário ao Estado de Direito.
Francisco Dal Prá
Presidente da Força Sindical RJ